sábado, 6 de julho de 2013

PAULINHO SERPA, + 1 FANZINEIRO DO SÉCULO XX

Paulo Serpa Antunes, jornalista, é editor de internet do Jornal do Comércio. A divulgação do 7º Mutação (leia entrevista com Grupo Quadrante Sul no Jornal do Comércio On Line), propiciou o reencontro dos editores com este velho amigo dos tempos de fanzines. Confira a seguir uma entrevista breve mas que registra importantes fatos do fanzinato gaúcho. 


Denilson Reis, Paulo Serpa e Alex Doeppre (1º/11/12)

1 - Qual foi teu primeiro contato com HQs?

Cresci numa casa tomada de gibis. Meu irmão mais velho era colecionador dos quadrinhos da Marvel e DC e o meu pai sempre incentivou a gente. Ele comprava álbuns para nós na Feira do Livro, coisas como Asterix e Tintin e depois os lançamentos da L&PM, e também nos levava pra comprar gibis antigos nos sebos de Porto Alegre.

2 - Como conheceu os fanzines e quando surgiu a vontade de se tornar fanzineiro?

O primeiro contato com fanzine foi com o New Raff, do Daniel HDR. O que atraiu inicialmente era que ele escrevia sobre o que estava sendo lançado nos Estados Unidos. A gente na época já perseguia as poucas revistas importadas que chegavam nas bancas de revista de Porto Alegre e ali encontramos um canal que falava sobre o que estava pra acontecer com nossos heróis favoritos. Foi este primeiro contato que abriu as outras portas: aprender a fazer quadrinhos, conhecer a produção nacional de HQs, produzir meu próprio fanzine e conhecer vários bons artistas.

+ 1 Fanzine nº 1 (1989): capa de Daniel HDR com o personagem Arcanjo

3 - Quantos números durou o teu zine "+1"?

O +1 Fanzine teve 4 edições produzidas entre 1989 e 1992. Acho que a edição com maior tiragem chegou a ter 75 exemplares. Nada muito significativo. Acho que o único diferencial do meu fanzine em relação aos outros desta nossa turma aqui do Rio Grande do Sul é que fui o primeiro a ter acesso a recursos de editoração eletrônica - primeiro num MSX com impressora matricial, depois em um PC, com impressão a laser. Depois do +1 eu editei o Curtametragem, que teve sete edições produzidas entre 1994 e 1995. Eram 4 páginas, dobrado ao meio, feito com a ideia de produzir um fanzine rápido, quinzenal, só pra não perder o hábito de trocar correspondência e fanzines. Ali tinha alguma coisa de quadrinhos, mas era mais focado em resenhas - eu estava iniciando a faculdade de jornalismo e a ideia era fazer crítica, jornalismo cultural. Os gibis foram ficando de lado.

4 - Fale sobre teu personagem, o Arcanjo.

A nossa turma de fanzineiros da Grande Porto Alegre tinha uma influência muito forte dos quadrinhos norte-americanos. Então aconteceu de, naquela época, todo fanzine ter o seu personagem, seu super-herói ou anti-herói. O meu era o Arcanjo, um padre justiceiro, que combatia o crime com uma espada. Hoje eu acho isto muito engraçado, porque sequer sou católico, não tinha motivação alguma de desenvolver um personagem assim! Ele aparece na capa de duas edições do +1 Fanzine. Numa das edições publiquei uma HQ fantástica escrita e desenhada pelo Carlos Fernando, que no fim nunca teve a segunda parte finalizada. Eu mesmo só escrevi uma história dele, que foi desenhada por um amigo chamado Alexandre Silva e que nunca foi publicada.

5 - Como está cena atual dos quadrinhos e dos fanzines do teu ponto de vista de fanzineiro do século passado?

Eu devo muito ao aprendizado com os fanzines, foi uma escola. A diferença é que enquanto meus colegas daquela turma embarcaram no caminhos das artes gráficas, o fanzine me levou pro jornalismo, que é uma bifurcação da mesma estrada. Na sequência eu fui capturado pela Internet e aí sim o rompimento foi mais radical - troquei a diagramação pelos sites e pelos blogs (há 10 anos estou tocando o TeleSéries, sobre televisão). Mas admiro demais as artes gráficas, acho importante que os fanzines continuem e persistam. Infelizmente acompanho pouquíssimas coisas atualmente.

Capa do +1 Fanzine número 4. Fevereiro de 1992. "Eu estreava uma nova logomarca redesenhada pelo Daniel HDR, mas acabei abandonando o zine nesta edição. Detalhe: eu usava o meu MSX com impressora matricial Lady 80 pra imprimir os textos e depois colava - torto - na página. Mas acho que fui um dos primeiros fanzineiros a usar computador (pelo menos da nossa turma aqui do RS)."

2 comentários:

Jerônimo Fagundes de Souza disse...

Bah, nem falou da turma do Big Burguer. Fiquei magoado...

Anônimo disse...

Você está ali, é só ler nas entrelinhas!